Ei-la, pompeando ao sol, radiosamente,
a árvore amiga e boa!
O seu bojo mirífico e sonoro
é uma cavatina, que ressoa
maravilhosa e docemente,
floresta a dentro, em cadenciado coro.
É o concerto das aves, se irmanando
ao sussurro da aragem,
enquanto da árvore vai se derramando,
em torno, a sombra fresca da ramagem.
Escuta-lhe a harmonia, a estranha fala;
contempla-a, no seu porte augusto e belo,
de fúlgida grandeza!
Tudo – esse vivo odor que se lhe exala
e essa opulência em que toda ela esplende,-
convida-nos a crer que a árvore é um elo
dessa enorme corrente, que nos prende
ás forças eternais da natureza.
Não a maltrates, não. A árvore (que importa
o nome, se todas elas são iguais?)
a árvore, tal como nós, tem alma e coração;
e o que farias tu, se alguém, à tua porta,
um, entre dores e ais,
batesse, suplicando a migalha de um pão?
Pois bem, quando passares pela estrada,
de areia férvida, escaldante,
sem oásis de alfombra,
repara com que afago suavizante
ela te abriga à sombra
da viride ramada!